Conhecendo Dragon Quest II
Yuji Horii e sua equipe adicionaram várias melhorias neste novo Dragon Quest, mas acabam errando a mão. A Hero Quest te convida a conhecer Dragon Quest II: Luminaries of the Legendary.
Nome | Dragon Quest I + II | ||
Plataforma | Super Nintendo | Duração | 14 Horas |
Lançado | 18/12/1993 | Finalizado | 02/07/2017 |
Um mês antes do lançamento do primeiro jogo a equipe já estava pensando em sua sequência, e depois de um pouco mais de um ano de desenvolvimento chegou Dragon Quest II em 1987 no Japão, e em 1990 para o resto do mundo com o nome de Dragon Warrior 2.
É importante comentar que este título sofreu alguns atrasos antes de seu lançamento, porque os desenvolvedores acharam que o jogo estava muito difícil e que o atraso serviria para balancear a dificuldade, mas sobre isso vou comentar depois.
Após os acontecimentos do primeiro jogo, o herói viaja pelo o mundo com a princesa Gwaelin, construindo vários reinos que ficaram a cargo de seus herdeiros.
Aproximadamente 100 anos se passaram, e um mago chamado Hargon tenta invocar o demônio Malroth para destruir o mundo, e para isso invade o castelo Moonbrooke, matando a todos. Um mensageiro consegue fugir a tempo, e avisa o reino de Lorasia sobre os planos de Hargon.
O rei de Lorasia então decide enviar o seu filho, descendente do herói do primeiro jogo e por consequência descendente do lendário Roto, para derrotar a Hargon. E assim partimos para a nossa aventura.
Mais membros na equipe
Apesar de começarmos sozinho na jornada, nossa primeira missão é encontrar e recrutar nosso primo, o Príncipe de Cannock, e nossa prima, a princesa de Moonbrooke.
Cada personagem tem um estilo de batalha, sendo o Herói orientado a combate físico, a Princesa de Moonbrooke mais orientada para a magia, o Príncipe de Cannock sendo um guerreiro que não pode usar os melhores equipamentos, mas em troca pode usar magia, ou seja, ele não é bom para nada, e a comunidade sabe disso e faz piada sobre como ele sempre morre primeiro em batalhas contra chefes e acaba quase sempre se tornando um peso morto.
Agora podemos batalhar contra vários inimigos ao mesmo tempo, e considerando que cada membro do grupo tem um estilo específico de combate, temos a possibilidade de criar um combate mais dinâmico e estratégico comparado ao primeiro jogo da série.
Além disso, agora alguns inimigos podem nos dar itens quando vencemos um combate, o que pode ajudar com o ritmo ao atravessar algum calabouço mais complexo.
Outra mecânica interessante é que podemos utilizar alguns equipamentos para fazer magia, por exemplo, utilizamos uma espada de trovão para atacar com raio a todos os inimigos sem gastar MP, ou um cajado para curar o HP de algum aliado. Podemos fazer isso quantas vezes quisermos e nunca esgotamos os itens, mas o jogo sabe disso e não permite que as magias sejam tão poderosas como gostaríamos que fosse, e acabamos dependendo desta mecânica somente em casos de emergência.
Um novo mundo a ser explorado
O mapa é bem maior quando comparamos ao primeiro título, o que faz total sentido, já que o herói do primeiro jogo foi em uma jornada para expandir os reinos.
Graças a isso, os desenvolvedores adicionaram a mecânica de navegação, onde se torna possível explorar os mares, que antes serviam como barreiras para o jogador, e que agora funciona como a conexão para o continente do primeiro jogo.
Inclusive podemos visitar o neto do Dragonlord, o vilão do primeiro Dragon Quest, e é bem interessante pois ele pensa de uma maneira bem diferente do seu avô, criando diálogos únicos que fazem parte dos pequenos detalhes que tornam essa série tão amada.
Fora o barco para navegar, agora temos uma mecânica de portais, que servem como atalhos que nos permitem viajar rapidamente a determinados lugares do mapa sem a necessidade de percorrer todo o percurso. O mapa ficou tão grande, que agora temos a possibilidade de encontrar um mapa mundo para nos ajudar a navegar.
As chaves estão de volta, mas agora existem vários tipos de portas, e não é necessário comprar várias chaves como no primeiro jogo. Para ilustrar, basta encontrar uma chave de ouro para abrir todas as portas douradas, e foi dessa maneira que o conceito de Key Itens nasceu. Quem não sabe, key itens são itens que obtemos somente uma vez de maneira permanente, com o objetivo de ajudar o jogador a prosseguir na narrativa, algo que é bastante utilizado por vários jogos nos dias de hoje.
Os desenvolvedores adicionaram um mini-game chamado tombola, que funciona como uma espécie de caça-níquel onde trocamos bilhetes para tentar ganhar algum prêmio, se tornando o primeiro mini-game dentro de um JRPG. E graças a Deus retiraram a mecânica de tochas para navegar em cavernas e calabouços.
As malditas crests
Para avançar na história, temos que coletar 5 crests, e embora algumas sejam bem fáceis de encontrar, bastando seguir a história, existem outras onde temos que parar em pontos específicos do mapa e dar o comando de busca para poder encontrar. A única maneira de saber a localização desse item é através de comentários de NPC e sorte, ou um guia do jogo.
Infelizmente é bem frustrante passar horas e horas buscando um item pelo mapa, apenas para poder prosseguir na história. O desejo de vender guias foi tão grande que atrapalha completamente a experiência do jogador.
A dificuldade
No início eu comentei que os desenvolvedores atrasaram esse título para balancear a dificuldade, e se esse foi o jogo balanceado, eu imagino que antes era injogável já que esse jogo não se compara a nenhum outro no quesito de chutar a nossa bunda.
Para ilustrar, os inimigos do último calabouço dão mil pontos de experiência, e para chegar no nível 30, o jogador precisa de um milhão de pontos, mas calma que ainda pode ser pior, como temos 3 membros na equipe, a experiência é dividida por três, então em vez de ganharmos mil pontos por inimigo derrotado, recebemos ao redor de 333 pontos por personagem.
Se não fosse ruim o suficiente, a dificuldade escala muito rápido. Uma hora estamos batalhando de igual para igual e de repente chega um inimigo que mata a nossa equipe com apenas um ataque. É tão desbalanceado que mesmo morrendo para inimigos aleatórios do mapa, fui capaz de vencer o chefe final, então é melhor fugir das batalhas aleatórias do último castelo utilizando muito repelente para evitar dor de cabeça.
O jogo é tão difícil que os jogadores utilizavam um bug que dava invencibilidade para passar pelo último calabouço, mas infelizmente os desenvolvedores retiraram esse bug da versão do Super Nintendo, e ainda por cima não conseguiram balancear bem o remake. Esse balanceamento só veio com a versão do Android.
Se ignorarmos os key itens, o famigerado sistema de inventário segue igualzinho ao do primeiro jogo, ou seja, continuamos tendo que escolher bem quais itens vamos levar conosco, já que continuamos limitado a quantidade de coisas que podemos carregar e a única diferença é que agora temos mais dois personagens para dividir a carga entre todos.
Personagens genéricos
Apesar de o jogo contar um pouco sobre o passado dos personagens, conforme avançamos na história isso passa a ser totalmente irrelevante para a narrativa. O jogo até adiciona uma missão focada para cada protagonista, mas mesmo assim eles são muito genéricos, praticamente uma folha em branco para o jogador projetar a sua própria personalidade, mas isso não funciona quando temos vários personagens que deveriam interagir entre si e com o mundo a sua volta.
O final também repete o mesmo padrão do primeiro jogo, na verdade faz até pior, pois devido a falta de espaço no cartucho, a possibilidade de um final alternativo foi completamente descartada pelos desenvolvedores, o que é uma pena.
Dragon Quest II apesar de apresentar um grupo de três personagens, a opção de utilizar um barco para navegação e a estratégia para batalhar contra vários inimigos ao mesmo tempo, acabou ficando extremamente desbalanceado, frustrando qualquer jogador que queira embarcar nesta aventura.
Esse título sem dúvida alguma adicionou várias mecânicas que ainda estão presentes em vários JRPGs que encontramos hoje em dia, mas ainda é um produto que parece inacabado pois faltou adicionar um pouco mais de polimento e diversão.